Curitiba tem um sério problema de congestionamentos. Isso é fato. O horário não importa. 11 da manhã. 3 da tarde. E, é claro, piora nos horários de pico, entre 7h30 e 9h – 17h e 18h30. Eis que Curitiba apresenta, inclusive, a maior média de carros por habitante. É de 0,63. Isso contrasta com o número do Brasil: 0,27. Essa matéria do Uol revela que um dos fatores que propicia a escolha de se ter um carro, ao invés de usar o transporte coletivo ou alternativo, “bom desempenho socioeconômico, que confere maior poder de compra aos seus habitantes”.
Tá, tudo bem, mas e o melhor transporte coletivo do país, que serve de modelo para o mundo inteiro? Por que ele é preterido pelos carros? Não é tão simples assim. Vou dar o meu caso como exemplo. Moro a 12 km do colégio onde trabalho. Levaria, em média, 1h30 de ônibus para chegar até lá, levando em conta a relativamente longa caminhada do ponto até o colégio. Ida e volta, R$ 5,00. De carro, são 13 km, numa média de 25 minutos, dependendo do horário. Tomando como base a média que faz o carro, que é de 13,5 km/l, com o preço do litro da gasolina (R$2,69), daria R$0,38 de diferença a mais. Aí pergunto, é melhor gastar quase a mesma coisa do que enfrentar ônibus lotados, atrasados, e “perder” uma hora do dia sofrendo?
É claro que o ônibus, por isso, vai ser preterido. Para fazer uma apologia quanto ao transporte que utilizo, digo que já estou tentando ir para o trabalho de bicicleta. São 11km (é diferente do carro por conta dos retornos), que faço em 40 minutos, além de melhorar minha saúde. E é sobre isso, na verdade, que quero falar.
Em Curitiba não há ciclovias decentes. Por exemplo, pense na Linha Verde, obra de R$ 154,4 milhões. Por que raios não foram construídas ciclovias em toda ela? Alguém pode dizer, “ei, tem ciclovia lá, sim!”. Tá, tudo bem, tem ciclovia, mas é em poucos lugares. Quem vai andar de bicicleta aí num longo trajeto, como é meu caso, tem que andar na canaleta.
Há um movimento em Curitiba, a Bicicletada Curitiba, que é um “passeio pacífico, com o intuito de reivindicar o espaço público para as pessoas e não para os automóveis”. Sempre acontece no último sábado de cada mês. Neste, vai ser dia 28, com saída às 10h, do pátia da Reitoria da Federal.
Sinta-se convidado. Aqui vai o manual explicativo do projeto. No sábado, dia 28, estarei lá.
Um abraço,
Olá Diego,
também sou ciclista, moro a aproximadamente 5 Km do colégio e sempre vou de bicicleta quando não chove.
O espaço do ciclista é um problema em Curitiba. A linha verde ( que na verdade deveria se chamar Linha Cinza) tem ciclovias em zigue-zague! O ciclista não ve outra solução a não ser a canaleta. O desprezo pela bicicleta também é outro problema, em qualquer lugar que você entra é proibido andar pedalando, sendo necessário descer da bicicleta e ir empurrando, enquanto carros andam livremente.
Concordo com você, Diego. É difícil, nessa cidade, tentarmos pegar mais ônibus ou andar de bicicleta, pois as condições são bem complicadas. Bicicleta? Não existe lugar para elas na cidade e falta também uma relação mais amigável e diferenciada entre os seres humanos que pilotam os carros e os que pilotam bicicletas. Mas, o que falta principalmente, são condições espaciais que devem ser criadas, sim. Criadas por quem? Pelos governos em seus planos urbanísticos, pelos cidadãos também. Cidade ecológica? cidade isso ou aquilo! Cidade que exclui as bicicletas, que exclui quem caminha na rua também. Está cada dia mais difícil caminhar por aí, como gosto de fazer, caminhar à deriva. Cidade dos carros.
Ônibus? lotado.
Um caminho longo a ser criado e exigido por todos nós, né? Afinal, somos ou não somos habitantes desse lugar? Habitante é quem ocupa, vive, experiencia, se apropria e é apropriado pelos espaços privados e públicos. Públicos? Tenho minhas dúvidas.
Legal isso do dia 28.
bjo
Gladis