É normal presenciarmos o descaso, cada vez maior, pelo fato de as artes e estudos não fornecerem o conhecimento prático-utilitário imediato aos homens. O interesse é cada vez maior pela formação que lhe vai ensinar a fazer algo prático, tornado-o um autêntico “profissional” que irá em busca do sucesso financeiro tão almejado pela maioria das “pessoas de bem”. Assim, me pergunto: é nesse ritmo que estamos formando cada vez menos humanos, para dar lugar a um exército de soldados que lutam apenas para realizarem seus desejos de consumo e obterem a pseudofelicidade momentânea?
Sou um sonhador, e até um tanto utópico, por sempre defender a ideia de que os problemas das pessoas poderiam ser solucionados pelas histórias literárias. O fanatismo, a depressão, aquela sensação de que os seus problemas são únicos e insolucionáveis, ou seja, toda essa sorja é facilmente encontrada e trabalhada na ficção de personagens que poderiam servir de lições para qualquer um. Pois é através das personagens que autores conseguem colocar para fora suas angústias mais íntimas, e transformá-las em situações vividas numa realidade pararela. Bom, talvez eu esteja enganado e só estou falando tudo isso por ser um leitor assíduo de romances.
Enfim, seguindo essa reflexão sobre um mundo com as relações humanas cada vez menos valorizadas, em que pessoas apenas buscam a felicidade instantânea e o prazer momentâneo, cito o romance distópico: “Admirável Mundo Novo”, do inglês Aldous Huxley. Escrito na década de 30, Aldous descreve de forma profética uma sociedade perfeita, em que doenças não existem e sentimentos como o amor são neutralizados nas pessoas através de drogas e antidepressivos. Dessa forma, cria-se uma comunidade perfeita altamente produtiva, porém, em que seus habitantes são frios e sem sentimentos reais. Apenas sexo e prazer, sem amor e todas as “noias” desse sentimento característico do ser humano.
Aldous foi profético e distópico. Bobagem, como diz “O Segredo”: basta pensarmos positivos para que todos os nossos problemas sejam resolvidos. Tsc tsc…
Vinícius Soares Pinto
Laboratorista audiovisual
Colégio Medianeira
Legal o texto, Vinícius. Eu lembro que, muito antes de ler as obras distópicas, eu lia as utópicas (e "Utopia", do Thomas Morus, é a mais evidente). A comparação entre esses dois tipos de obra pode render reflexões muito boas pra pensar o mundo contemporâneo. A indicação de "Não verás país nenhum", do Loyola Brandão, é um prato cheio pra gente pensar na distopia made in Brazil.
Ah, e adorei a ironia com "O segredo". Patifaria tem hora, hehe.
Cezar Tridapalli
Cezar e Vinicius: que grande dupla!
Apesar da aparência com os nomes de duplas sertanejas, o elogio é verdadeiro.
Bacana o texto, Vinicius. Esse livro foi um dos primeiros que li na faculdade, em 2005, graças ao Cezar – e foi, sem dúvida, o primeiro "soco na mente" na minha vida acadêmica.
Podem se acostumar com minhas participações por aqui, hehe.
Parabéns pelo Blog…
Abraço,
João Pedro
Ora, ora, olha quem apareceu! Cara, apareça sempre. Vamos tentar, na medida do possível, sempre discutir assuntos de uma forma inteligente e dinâmica. E precisamos de gente que nem você pra dar aquela força. Escuta: respondi teu e-mail, mas voltou. Sei lá…
Abraços.
Cezar